Diretor: David Gordon Green

Roteiro: Scott Teems, Danny McBride e David Gordon Green

Elenco: Jamie Lee Curtis, Andi Matichak, Judy Greer, James Jude Courtney, Nick Castle, Airon Armstrong, Will Patton, Thomas Mann, Jim Cummings, Dylan Arnold, Robert Longstreet, Anthony Michael Hall, Charles Cyphers, Scott MacArthur, Michael McDonald, Kyle Richards, Nancy Stephens, Diva Tyler, Lenny Clarke, Brian Mays Sr., Omar Dorsey, Ross Bacon, Michael Smallwood, Carmela McNeal, Tom Jones Jr., Holli Saperstein, Mike Dupree, Drew Scheid, Tristian Eggerling, J. Gaven Wilde, Giselle Witt, Salem Collins

Duração/Classificação: 105 minutos / 16 anos

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Continuação do excelente recomeço da franquia criada por John Carpenter e Debra Hill em 1978, Halloween Kills: O Terror Continua começa exatamente onde fomos deixados no filme de 2018 – spoiler a seguir – quando Laurie (Jamie Lee Curtis), sua filha Karen (Judy Greer) e neta Allyson (Andi Matichak) deixam Michael Myers (James Jude Courtney/Nick Castle) para morrer na sua casa em chamas, porém bombeiros encaminham-se para conter o incêndio, sem saber que estão indo assinar sua sentença de morte.

Na contramão do anterior e mais ainda na do original, este filme não é ruim, mas é um amontoado de decisões questionáveis, porém é o que mantém o foco em sua estrela, Myers. O maior problema do roteiro escrito à três mãos é não saber qual caminho pretende seguir com sua narrativa, principalmente quando chega na sua metade, ao incluir uma subtrama envolvendo o povo da pequena cidade dentro do hospital, ao passo que vai seguindo o rastro de mortes deixado pelo psicopata, digo isso, pois há uma mudança brusca de tom quando saímos de um núcleo narrativo para outro.

A crítica ao instinto de manada apresentado no hospital, lembrou bastante um evento da vida real ocorrido na cidade em que vivo (Guarujá) quando lincharam uma pessoa inocente por conta de uma postagem indevida em rede social, que resultou na morte desta pessoa. A faísca que causa a ignição e inflama as pessoas no filme, são as palavras de Tommy (Anthony Michael Hall), que sem sutileza alguma resulta no mesmo destino ocorrido aqui na cidade.

Ao ver as características do intérprete de Tommy – cujo personagem foi cuidado por Laurie no fatídico incidente de 1978, logo me veio à mente o ex-presidente estadunidense (Trump), cujo discurso falacioso está inserido no filme (sutil no anterior e mais explícito neste aqui), primeiro no efeito que a fake news tem quando se torna a verdade do seu receptor e o discurso de que o “mal” deve ser vencido/expurgado com armas e violência, tendo em Myers o mal encarnado que deve ser impedido.

O filme também é um terreno imenso para o fan service, pois além do já citado Tommy, temos a volta das atrizes Kyle Richards e Nancy Stephens reprisando suas personagens do filme original Lindsey e Marion, que estão ali apenas para os saudosistas se deleitarem, já que elas não têm nenhum outro propósito narrativo na trama.

Apesar desses pequenos pontos que acrescentei, o filme é apenas um aquecimento para a terceira e derradeira (creio eu) parte, servindo mais como filler (ou encheção de linguiça) para o embate final entre Laurie e Michael, que aqui é adiado, já que a personagem de Jamie Lee Curtis pouco aparece e oferece à trama, que é toda de Myers onde com toda a certeza mata o maior número de pessoas já visto num filme da franquia (no primeiro foram apenas 3 pessoas) e vamos ser sinceros, que isso é o que mais interessa neste filme, não é mesmo?

P.S.: Notem que o take final lembra a cena clássica de Psicose, cuja a intérprete era a mãe de Jamie Lee Curtis, Janet Leigh.