Diretora: Jasmila Zbanic

Roteiro: Jasmila Zbanic

Elenco: Jasna Djuricic, Izudin Bajrovic, Boris Ler, Dino Bajrovic, Johan Heldenberg, Raymond Thiry, Boris Isakovic, Emir Hadzihafizbegovic, Reinout Bussemaker, Teun Luijkx, Juda Goslinga, Jelena Kordic Kuret, Alban Ukaj, Ermin Bravo, Edita Malovcic, Micha Hulshof, Joes Brauers, Sol Vinken, Sanne den Hartogh, Job Raaijmakers, Irena Melcer, Rijad Gvozden, Sasa Orucevic, Jasenko Pasic

Duração/Classificação: 101 minutos / 16 anos

.

Neste chocante e triste drama acompanhamos os dias de Aida (Jasna Djuricic) uma tradutora da ONU na pequena cidade de Srebrenica. Quando soldados sérvios invadem a cidade, ela e sua família estão dentre os milhares de cidadãos que buscam refúgio das atrocidades causadas por eles num abrigo das Nações Unidas.

Dirigido por Jasmila Zbanic, o filme se passa durante um evento triste da história recente, o massacre de Srebrenica na Bósnia e Herzegovina que ocorreu entre os dias 11 e 25 de julho de 1995, além de nos mostrar o descaso das instituições, que aparentemente pouco se importaram com o genocídio praticado na cidade, como pode ser notado na cena inicial no diálogo entre o prefeito da cidade e oficiais de alta patente da ONU.

O clima de tensão é constante e a direção de Jasmila é magnífica ao nos mostrar a crueldade, mas sem aquela glamourização com violência gráfica, a todo o instante deixando-a implícita ou simplesmente sugerida nos breves diálogos dos personagens. Não há tempo para sorrisos ou vislumbres de que algo irá melhorar em Quo Vadis, Aida?, é uma constante depressão e desesperança que cerca todos os personagens.

Grande parte da narrativa assistimos a partir dos olhos de Aida, sendo o terceiro ato, o ápice ao nos mostrar desespero e angústia por meio da câmera tremida que a acompanha durante o clímax nos fazendo temer pelo seu destino e o de sua família, que nos dá aquele alívio momentâneo por poucos segundos, para logo depois nos devastar por completo com sua conclusão.

Um triste retrato da sociedade em que vivemos (por mais clichê que possa parecer) e situações assim sempre me trazem uma constatação, de que o ser humano é o único ser vivo que mata o outro por banalidades. Um retrato de como o Fascismo funciona e muitos resolvem ignorar, ao ser trazido pelas sensíveis mãos de uma diretora mulher e bósnia, maior acerto não poderia existir e residir neste filme.

.

*Filme originalmente assistido no Festival do Rio na plataforma Telecine Play*