Diretor: Diego Fried

Roteiro: Diego Fried, Nicolas Gueilburt e Luz Orlando Brennan

Elenco: Jazmín Stuart, Esteban Bigliardi, Gerardo Romano, Gastón Cocchiarale, Lautaro Bettoni, Hudson Gomes de Oliveira Santana, Diego Heck dos Santos

Duração/Classificação: 87 minutos / 12 anos

Co-produção Argentina/Brasil, A Festa Silenciosa é um thriller que segue Laura (Jazmín Stuart) que vai celebrar seu casamento na casa do campo de seu pai, só que ao sair para caminhar a tarde acaba parando numa festa inusitada onde ela dança e se diverte até que um evento violento muda totalmente o rumo da sua noite envolvendo seu pai (Gerardo Romano) e seu noivo (Esteban Bigliardi).

O filme tem início com Laura presa num cubículo gritando desesperada por socorro. Daí já notamos que o rumo da narrativa não será leve e a construção dela até chegarmos naquele ponto, nos prepara pacientemente até entendermos o motivo que a colocou naquela situação. Sabemos que se passa um dia antes do seu casamento com Daniel (Bigliardi), mas depois de um leve desentendimento com ele, decide sair para espairecer e acaba na “festa silenciosa” do título (uma espécie de rave onde todos usam fones e ouvem individualmente a música).

É a partir desse ponto que temos uma virada narrativa e entramos numa espiral incômoda. Após um evento seguimos uma Laura catatônica e traumatizada por algo, sua inquietude nos incomoda e fica perceptível o que aconteceu, mas não da maneira como e a direção é hábil em não entregar tudo de bandeja, apresentando parceladamente o que deixou a personagem daquela forma, nos intrigando no processo.

O filme traz à pauta uma discussão sobre abuso sexual, masculinidade tóxica, a conivência entre os amigos homens em passar o pano para situações imperdoáveis, a impunidade quando se trata de violência contra a mulher e claro o gaslighting que acontece nestas situações. Há também a tentativa de roubar o protagonismo feminino de suas lutas, na figura do pai conservador de Laura que a priva de lutar sua luta o que nos leva à cena inicial do filme.

Apesar do slow burn em revelar a situação que envolveu Laura ser bem conduzido e construído, ele é bastante óbvio e previsível. As situações que os personagens se envolvem no terceiro ato também é um problema narrativo que torna a conclusão de alguns deles bastante estúpidas tirando um pouco da força narrativa que poderia ter ao final.