Diretor: Nimród Antal

Roteiro: Alex Litvak e Michael Finch

Elenco: Adrien Brody, Tppher Grace, Alice Braga, Walton Goggins, Oleg Taktarov, Laurence Fishburne, Danny Trejo, Louis Ozawa, Mahershala Ali, Carey Jones, Brian Steele, Derek Mears

Duração/Classificação: 107 minutos / 14 anos

Depois de um crossover com a franquia Alien nos bem questionáveis Alien Vs. Predador e Alien Vs. Predador 2, a famosa franquia Predador – do final dos anos 80 e início dos 90, ganhou ares de volta às suas raízes. O icônico personagem criado por Jim e John Thomas, ganhou uma nova versão no ano de 2010, produzido pelo então promissor diretor Robert Rodriguez (A Balada do Pistoleiro), que diferente dos seus antecessores desta vez nos leva a um planeta distante da Terra, onde os Predadores do título caçam suas presas.

Dirigido por Nimród Antal (Temos Vagas), o filme nos coloca na perspectiva de Royce (Adrien Brody) enquanto cai do céu, praticamente juntos do personagem nós espectadores também não entendemos nada do que está acontecendo, aos poucos ele vai encontrando outras pessoas, que junto dele também caíram – literalmente – de pára-quedas no local. O mistério em torno de cada um dos personagens que vão aparecendo ao longo dos minutos só aumenta e quando eles percebem que estão bem longe de casa, a narrativa começa a tomar forma. Formados por guerrilheiros, criminosos de alta periculosidade, soldados BlackOps e serial killers o grupo de personagens da trama percebem que dessa vez seus papéis se inverteram e eles é quem se transformaram na caça.

É até irônico torcermos pelos algozes neste filme, culpa do roteiro que nos faz criar empatia por alguns destes personagens – já outros são totalmente descartáveis e só estão ali para fazer parte da contagem de mortos. Esta empatia acontece pelo próprio roteiro humanizar e vulnerabilizar a maioria deles. À primeira vista é estranho vermos um ator do calibre e porte físico de Brody transformado num herói de ação, principalmente depois de assistirmos aos dois primeiros filmes, um estrelado por Schwarzenegger e outro por Danny Glover (em ascensão na franquia Máquina Mortífera), mas aqui essa quebra do estereótipo do brutamontes faz sentido, já que eram o início dos anos 2010 e uma repaginada era necessária.

Apesar dessa quebra de estereótipo, o filme tem problemas em sua narrativa, especificamente no final do segundo ato para o terceiro, ao reforçar os estereótipos do guerrilheiro africano (ainda desconhecido Mahershala Ali), do traficante mexicano (Danny Trejo) e do mafioso oriental (Louis Ozawa), que além de estereotipados são personagens que não acrescentam nada à trama senão frases expositivas. Outro problema está na forma episódica que apresenta cada embate de personagens com os Predadores. Já a personagem de Alice Braga (Ensaio Sobre a Cegueira) que em determinado momento serve de senhora roteiro – ao explicar o que são os Predadores para os demais personagens, no início é uma personagem durona e que serve de contraponto ao personagem de Brody, mas que no terceiro ato do filme sem nenhuma explicação aparente acaba se tornando a “donzela em perigo” numa situação que também muda a persona de Royce fugindo totalmente da proposta inicial de cada um dos personagens.

Com uma breve e interessante participação de Laurence Fishburne (Matrix), aparentemente Predadores acaba tentando dizer pelo seu título que os verdadeiros predadores são os vilões que as criaturas caçam, mas tudo isso pouco importa e o que interessa mesmo para eles é trazer mais uma aventura nos moldes das duas primeiras partes da franquia, do que algo parecido com os dois crossovers com Alien, no final das contas eles conseguem fazer isso e não é tão ruim quanto parece ser.