Diretor: Raoul Peck

Roteiro: James Baldwin (texto) e Raoul Peck (estrutura)

Elenco: Samuel L. Jackson (narração), James Baldwin (cenas de arquivo), Martin Luther King (cenas de arquivo), Malcolm X (cenas de arquivo), Medgar Evers (cenas de arquivo)

Duração/Classificação: 93 minutos / 12 anos

O diretor Raoul Peck pegou Remember This House, manuscrito inacabado do escritor James Baldwin e destrinchou a obra que o autor fala sobre a morte dos seus amigos Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr.. Apesar das falas do autor (narradas pela voz magnífica de Samuel L. Jackson) serem a respeito da morte deles, elas falam bastante dos Estados Unidos como sociedade e como eles se formaram.

O que mais me encantou nesse documentário foi ver como as palavras de Baldwin, narradas por Jackson, rimaram perfeitamente com os momentos vividos pelos negros com o passar das décadas. Apesar de terem sido momentos desagradáveis e indigestos para nossos irmãos e irmãs – a simetria audiovisual é genial.

Se você assistiu A 13ª Emenda, vai notar que Eu Não Sou Seu Negro complementa o assunto iniciado por Ava DuVernay. Enquanto no primeiro vemos um estudo mais didático que centraliza na indústria do encarceramento como síntese à supressão do negro na sociedade estadunidense, o segundo é mais empírico, por centralizar e ampliar o assunto a partir do ponto de vista do escritor, que presenciou a supressão do povo preto com o passar das décadas, principalmente pela perda de grandes vozes populares, algo que reverbera até então.

Com narrativa coesa e montagem precisa, Eu Não Sou Seu Negro é tão necessário para entender o racismo impregnado na nossa sociedade quanto A 13ª Emenda. Sendo uma prova de que mesmo com o tempo que passou a desesperança do negro seguiu a mesma, já que a sociedade no geral diz que vai discutir a pauta e que está aberta a isso, porém nada fizeram e seguimos na mesma. Ao final percebemos que a voz de Baldwin reverbera e mantem-se atemporal como nunca.