Diretor: Afonso Poyart

Roteiro: Afonso Poyart e Izaias Almada

Elenco: Fernando Alves Pinto, Alessandra Negrini, Caco Ciocler, Marat Descartes, Roberto Marchese, Robson Nunes, Thaíde, Thogun, Neco Villa Lobos, Aline Muller, Djair Guilherme. 

Duração/Classificação: 108 minutos / 16 anos.

Estamos tão acostumados com os atuais  blockbusters lá dos esteites, que acabamos ignorando tudo que nos é apresentado aqui no nosso país, muitas vezes ignoramos por ignorância mesmo, por acharmos que a qualidade dos filmes que valem a pena são somente aqueles que retratam a realidade de maneira crua e que ainda assim nos entretem, Tropa de Elite é um grande exemplo disso, mas fechamos nossos olhos a outros filmes que não retratam a nossa realidade mas que são tecnicamente impecáveis e donos de ótimos roteiros (como o elogiadíssimo O Palhaço, de Selton Mello), 2 Coelhos mostra que o Brasil carece de mais filmes da sua linha para que faça-nos esquecer um pouco desses lixos (não generalizando) e ainda em 3D barato e que consequentemente nos faz desembolsar mais o que podemos pagar.

O filme dirigido pelo estreante Afonso Poyart, é um filme que entretem bastante e que não nos deixa respirar – graças a uma montagem frenética que remete muito aos recentes blockbusters, que são feitos sob medida para os jovens -, o enredo que conta com vários personagens, que a todo instante o roteiro nos lembra que estão ali e são importantes, por meio da narração em off de Edgar (Fernando Alves Pinto) descobrimos o mote da película, ele um jovem que está cansado de ver bandidos e políticos escaparem impunes das barbáries que cometem e prejudicam o povo, resolve colocá-los em rota de colisão com um plano mirabolante. Sempre indo e vindo na trama para explicar as pontas soltas, propositalmente, já que pelo enorme número de personagens há tal necessidade, este tipo de narrativa não linear lembra muito filmes do Tarantino (Pulp Fiction e Jackie Brown por exemplo) que têm esse costume de ir e vir na narrativa e ser explicativo.

O filme segue no seu ritmo frenetico sem nunca nos deixar respirar, principalmente em seu climáx, Alessandra Negrini encarna uma femme fatale com propriedade, não devendo nada a nenhuma outra do gênero, Marat Descartes entrega um vilão extremamente intenso e mesmo que clichê ele não se excede um momento sequer e age com naturalidade, o que torna o seu personagem mais temeroso e imprevisivel, e o ponto principal da narrativa que é Walter , um ex-professor universitário e que é vital para a conclusão do filme (encarnado por Caco Ciocler na medida certa).

E por fim a veia cômica do filme que fica com Thogun, Thaíde Robson Nunes. Nunca beirando o caricaturismo e sempre pontual é bem engraçado. Tecnicamente impecável, seus efeitos especiais são muito bem orquestrados assim como as cenas em câmera lenta que sempre focam a ação (lembrando bastante os filmes de Guy Ritchie) são empregadas na hora exata e sinceramente chegamos a pensar estar assistindo um filme estadunidense. O filme é um achado na filmografia nacional, logicamente inspirada nos filmes e publico gringos, porque não? (vide a trilha sonora pontuada por hits de bandas como 30 Seconds to Mars Radiohead), mas que tem a sua aura 100% nacional e a produção merece parabéns pelo simples fato de dar a cara a tapa e arriscar-se num filme que dificilmente veríamos ou teríamos em circuito nacional se não fossem os sucessos de filmes como Tropa de Elite 1 e 2 e Cidade de Deus, que fizeram o povo brasileiro ter vontade de prestigiar o cinema nacional não somente na telinha, mas na telona também e esperamos que mais exemplares de filmes assim saiam daqui.